Considerando as palavras destacadas qual e a figura de linguagem predominante no poema braily

[UFPE]

DESCOBERTA DA LITERATURA

No dia-a-dia do engenho/ toda a semana, durante/

cochichavam-me em segredo: / saiu um novo romance./

E da feira do domingo/ me traziam conspirantes/

para que os lesse e explicasse/ um romance de barbante./

Sentados na roda morta/ de um carro de boi, sem jante,/

ouviam o folheto guenzo, / o seu leitor semelhante,/

com as peripécias de espanto/ preditas pelos feirantes./

Embora as coisas contadas/ e todo o mirabolante,/

em nada ou pouco variassem/ nos crimes, no amor, nos lances,/

e soassem como sabidas/ de outros folhetos migrantes,/

a tensão era tão densa,/ subia tão alarmante,/

que o leitor que lia aquilo/ como puro alto-falante,/

e, sem querer, imantara/ todos ali, circunstantes,/

receava que confundissem/ o de perto com o distante,/

o ali com o espaço mágico,/ seu franzino com gigante,/

e que o acabasse tomando/ pelo autor imaginante/

ou tivesse que afrontar/ as brabezas do brigante./ […]

João Cabral de Melo Neto

Sobre as figuras de linguagem usadas no texto, relacione as duas colunas abaixo:

1ª COLUNA

[1] Romance de barbante [2] Roda morta; folheto guenzo [3] Como puro alto-falante [4] Perto/distante/mágico/Franzino/gigante

[5] Cochichavam-me em segredo

2ª COLUNA

[ ] Pleonasmo [ ] Metáfora [ ] Comparação [ ] Metonímia

[ ] Antítese

A ordem correta é:

a] 1, 2, 3, 4, 5

b] 5, 2, 3, 1, 4

c] 3, 1, 4, 5, 2

d] 2, 1, 3, 4, 5

e] 2, 4, 5, 3, 1


Os tipos de sintagmas se classificam em nominal, adverbial, adjetivo, preposicional e verbal

Antes de estudar os tipos de sintagmas, sugere-se recordar o conceito que norteia esse termo, demarcado pelos elementos que, inseridos na oração, constituem uma unidade significativa, mantendo entre si relações de dependência e de ordem, uma vez organizados em torno de um elemento fundamental denominado núcleo.

Sendo assim, podemos afirmar que os sintagmas se subdividem em: nominal, verbal, adjetivo, adverbial e preposicional. Vejamo-los, de forma particular:

Sintagma nominal:

Constitui-se de um nome e seus respectivos determinantes. Geralmente são representados pelo sujeito e pelos complementos verbais da oração. Vejamos um exemplo:

Os alunos entregaram os livros.

Temos na oração dois sintagmas: os alunos, cujo núcleo é “alunos” e o complemento verbal representado pelo objeto direto, cujo núcleo é “livros”.

Sintagma verbal

Constitui o predicado da oração, em que o núcleo é o próprio verbo.

As visitas chegaram.
Temos o sujeito – as visitas; e o predicado – chegaram, representando, assim, o sintagma em evidência.

Sintagma adjetivo

Constitui-se do complemento nominal e seus respectivos advérbios modificadores e pelo predicativo, introduzido pelo verbo de ligação. Observe:

Aquela garota é gentil.
Temos o sintagma adjetivo, representado pelo predicativo do sujeito “gentil”.

Sintagma adverbial

É formado pelo advérbio e seus modificadores. Vejamos:

Jamais acreditarei em você.
Temos que o advérbio de negação “jamais” representa o sintagma adverbial.

Sintagma preposicional

Constitui-se da locução prepositiva, servindo de modificador de qualquer outro sintagma. Observemos:

Somos todos muito responsáveis pelo cumprimento de todos os deveres.
Temos que “pelo cumprimento de todos os deveres” representa o sintagma preposicional.

As figuras de linguagem ocorrem quando empregamos determinadas palavras em seu sentido conotativo, ou seja, quando essas admitem um amplo conjunto de sentidos expressivos.

Whatsapp

[USF-SP] Leia estes versos:

“As ondas amarguradas

Encostam a cabeça nas pedras do cais.

Até as ondas possuem

Uma pedra para descansar a cabeça.

Eu na verdade possuo

Todas as pedras que há no mundo,

Mas não descanso”.

[Murilo Mendes]

A figura de linguagem que ocorre nos versos 5 e 6 é:

a] metáfora.

b] sinédoque.

c] hipérbole.

d] aliteração.

e] anáfora.

[FUVEST] A catacrese, figura que se observa na frase “Montou o cavalo no burro bravo”, ocorre em:

a] Os tempos mudaram, no devagar depressa do tempo.

b] Última flor do Lácio, inculta e bela, és a um tempo esplendor e sepultura.

c] Apressadamente, todos embarcaram no trem.

d] Ó mar salgado, quanto do teu sal são lágrimas de Portugal.

e] Amanheceu, a luz tem cheiro.

Identifique a figura de linguagem no fragmento a seguir:

Moça linda, bem tratada, Três séculos de família, Burra como uma porta:

Um amor!

Nas alternativas a seguir, todas as expressões destacadas são prosopopeias, exceto em:

a] “Os sinos chamam para o amo”. [Mário Quintana]

b] “A natureza me assusta./Com seus matos sombrios e suas águas”. [Ferreira Gullar]

c] “A suntuosa Brasília, a esquálida Ceilândia contemplam-se. Qual delas falará primeiro? [Carlos Drummond de Andrade]

d] “Os carinhos de Godofredo não tinham mais gosto dos primeiros tempos”. [Autran Machado]

e] O vento fazia promessas suaves a quem o escutasse.

Alternativa “c”. Quando o autor afirma, nos versos 5 e 6, que possui todas as pedras que há no mundo, ele está utilizando uma hipérbole, cuja principal característica é expressar uma ideia com exagero.

Alternativa “c”.

“Embarcar” é pôr a bordo de um navio, portanto, a expressão foi empregada fora de seu contexto próprio para suprir uma lacuna vocabular, o que caracteriza a catacrese [na falta de termos próprios, utilizamos outros vocábulos].

Alternativa “e”.

A ironia expressa um sentido contrário ao significado habitual das expressões. No fragmento, o termo “burra” opõe-se à ideia de que a moça seja “um amor”, como afirma, ironicamente, o autor.

Alternativa “d”.

Todas as expressões apresentam prosopopeia, ou personificação, exceto a alternativa d, que utiliza a sinestesia como principal figura de linguagem.

As figuras de linguagem são recursos que tornam mais expressivas as mensagens. Subdividem-se em figuras de som, figuras de construção, figuras de pensamento e figuras de palavras.

Figuras de som


a] aliteração: consiste na repetição ordenada de mesmos sons consonantais. “Esperando, parada, pregada na pedra do porto.” b] assonância: consiste na repetição ordenada de sons vocálicos idênticos. “Sou um mulato nato no sentido lato

mulato democrático do litoral.”

c] paronomásia: consiste na aproximação de palavras de sons parecidos, mas de significados distintos. “Eu que passo, penso e peço.”

Figuras de construção

a] elipse: consiste na omissão de um termo facilmente identificável pelo contexto. “Na sala, apenas quatro ou cinco convidados.” [omissão de havia] b] zeugma: consiste na elipse de um termo que já apareceu antes. Ele prefere cinema; eu, teatro. [omissão de prefiro] c] polissíndeto: consiste na repetição de conectivos ligando termos da oração ou elementos do período. “ E sob as ondas ritmadas e sob as nuvens e os ventos e sob as pontes e sob o sarcasmo e sob a gosma e sob o vômito [...]” d] inversão: consiste na mudança da ordem natural dos termos na frase. “De tudo ficou um pouco. Do meu medo. Do teu asco.”

e] silepse: consiste na concordância não com o que vem expresso, mas com o que se subentende, com o que está implícito. A silepse pode ser:

• De gênero Vossa Excelência está preocupado. • De número Os Lusíadas glorificou nossa literatura. • De pessoa “O que me parece inexplicável é que os brasileiros persistamos em comer essa coisinha verde e mole que se derrete na boca.” f] anacoluto: consiste em deixar um termo solto na frase. Normalmente, isso ocorre porque se inicia uma determinada construção sintática e depois se opta por outra. A vida, não sei realmente se ela vale alguma coisa. g] pleonasmo: consiste numa redundância cuja finalidade é reforçar a mensagem. “E rir meu riso e derramar meu pranto.” h] anáfora: consiste na repetição de uma mesma palavra no início de versos ou frases. “ Amor é um fogo que arde sem se ver; É ferida que dói e não se sente; É um contentamento descontente; É dor que desatina sem doer”

Figuras de pensamento

a] antítese: consiste na aproximação de termos contrários, de palavras que se opõem pelo sentido. “Os jardins têm vida e morte.” b] ironia: é a figura que apresenta um termo em sentido oposto ao usual, obtendo-se, com isso, efeito crítico ou humorístico. “A excelente Dona Inácia era mestra na arte de judiar de crianças.” c] eufemismo: consiste em substituir uma expressão por outra menos brusca; em síntese, procura-se suavizar alguma afirmação desagradável. Ele enriqueceu por meios ilícitos. [em vez de ele roubou] d] hipérbole: trata-se de exagerar uma ideia com finalidade enfática. Estou morrendo de sede. [em vez de estou com muita sede] e] prosopopeia ou personificação: consiste em atribuir a seres inanimados predicativos que são próprios de seres animados. O jardim olhava as crianças sem dizer nada. f] gradação ou clímax: é a apresentação de ideias em progressão ascendente [clímax] ou descendente [anticlímax] “Um coração chagado de desejos Latejando, batendo, restrugindo.” g] apóstrofe: consiste na interpelação enfática a alguém [ou alguma coisa personificada]. “Senhor Deus dos desgraçados! Dizei-me vós, Senhor Deus!”

Figuras de palavras

a] metáfora: consiste em empregar um termo com significado diferente do habitual, com base numa relação de similaridade entre o sentido próprio e o sentido figurado. A metáfora implica, pois, uma comparação em que o conectivo comparativo fica subentendido. “Meu pensamento é um rio subterrâneo.” b] metonímia: como a metáfora, consiste numa transposição de significado, ou seja, uma palavra que usualmente significa uma coisa passa a ser usada com outro significado. Todavia, a transposição de significados não é mais feita com base em traços de semelhança, como na metáfora. A metonímia explora sempre alguma relação lógica entre os termos. Observe: Não tinha teto em que se abrigasse. [teto em lugar de casa] c] catacrese: ocorre quando, por falta de um termo específico para designar um conceito, torna-se outro por empréstimo. Entretanto, devido ao uso contínuo, não mais se percebe que ele está sendo empregado em sentido figurado. O pé da mesa estava quebrado. d] antonomásia ou perífrase: consiste em substituir um nome por uma expressão que o identifique com facilidade: ...os quatro rapazes de Liverpool [em vez de os Beatles] e] sinestesia: trata-se de mesclar, numa expressão, sensações percebidas por diferentes órgãos do sentido. A luz crua da madrugada invadia meu quarto.

Vícios de linguagem

A gramática é um conjunto de regras que estabelece um determinado uso da língua, denominado norma culta ou língua padrão. Acontece que as normas estabelecidas pela gramática normativa nem sempre são obedecidas, em se tratando da linguagem escrita.  O ato de desviar-se da norma padrão no intuito de alcançar uma maior expressividade, refere-se às figuras de linguagem. Quando o desvio se dá pelo não conhecimento da norma culta, temos os chamados vícios de linguagem. a] barbarismo: consiste em grafar ou pronunciar uma palavra em desacordo com a norma culta. pesquiza [em vez de pesquisa] prototipo [em vez de protótipo] b] solecismo: consiste em desviar-se da norma culta na construção sintática. Fazem dois meses que ele não aparece. [em vez de faz ; desvio na sintaxe de concordância] c] ambiguidade ou anfibologia: trata-se de construir a frase de um modo tal que ela apresente mais de um sentido. O guarda deteve o suspeito em sua casa. [na casa de quem: do guarda ou do suspeito?] d] cacófato: consiste no mau som produzido pela junção de palavras. Paguei cinco mil reais por cada. e] pleonasmo vicioso:  consiste na repetição desnecessária de uma ideia.  O pai ordenou que a menina entrasse para dentro imediatamente. Observação: Quando o uso do pleonasmo se dá de modo enfático, este não é considerado vicioso. f] eco: trata-se da repetição de palavras terminadas pelo mesmo som.

O menino repetente mente alegremente.

Por Marina Cabral
Especialista em Língua Portuguesa e Literatura

Bài mới nhất

Chủ Đề