Você sabe qual é a atual situação de conservação das formações vegetais brasileiras

25 de outubro de 2017 15h08

Recortes de imagens do satélite GeoEye, produzidas pela Embrapa Monitoramento por Satélite, para uso em projetos de pesquisa.

Evaristo E. de Miranda, doutor em ecologia e chefe geral da Embrapa Monitoramento por Satélite

Você conhece algum país do mundo que dedique tanta área de seu território à proteção, preservação e conservação da vegetação nativa e da biodiversidade como o Brasil? Será que algum país chega perto do que faz o Brasil, em termos absolutos e relativos, pelo meio ambiente? Mesmo assim, o país é alvo permanente de críticas maldosas, infundadas e ignorantes sobre a situação da preservação de seus ecossistemas, aqui e no exterior. Tenha em mãos este resumo atualizado para apresentar a quem necessitar possa ou precise.

Recortes de imagens do satélite GeoEye, produzidas pela Embrapa Monitoramento por Satélite, para uso em projetos de pesquisa.

Áreas protegidas. Quinto país do mundo em extensão territorial, o Brasil é o primeiro em áreas protegidas, segundo dados da Unep e do WCMC . O Brasil destina 30% de seu território – mais de 2,5 milhões de quilômetros quadrados [km2] – para áreas protegidas, sejam unidades de conservação, sejam terras indígenas. As áreas terrestres protegidas pelo Brasil representam 14% de todas as existentes no planeta [18 milhões de km2] e mais da metade do total destinado à proteção na América Latina e Caribe. A média de áreas protegidas em todos os países com mais de 2,5 milhões de km2 de extensão é de 10%, contra 30% no Brasil. Como afirma o Protected Planet Report da Unep de 2016, o Brasil detém e mantém “a maior rede nacional de áreas protegidas do mundo”.

Áreas preservadas. Na zona rural brasileira, uma legislação ambiental exigente determina a manutenção de áreas destinadas à preservação da vegetação nativa, no interior dos imóveis rurais. Essa área varia de 20% do imóvel até 80%, naqueles situados na Amazônia. O mapa dessas áreas foi detalhado nos últimos três anos pelo Cadastro Ambiental Rural [CAR], em mais de 4,1 milhões de imóveis. Hoje, os produtores rurais destinam à preservação da vegetação nativa e da biodiversidade uma área superior a 1,7 milhão de km2, no interior de seus imóveis e sem qualquer subsídio governamental. Isso corresponde a 20,5% da superfície do Brasil.

Áreas conservadas. Existem ainda, no Brasil, amplas áreas de vegetação nativa em terras públicas. E, também, muitos ecossistemas são explorados de forma sustentável e secular por atividades de pecuária extensiva. Isso conserva a vegetação nativa e a biodiversidade, como ocorre no Pantanal, Caatinga, Cerrados, Pampa e Campos de Altitude. No total, o Brasil dedica mais de 66% de seu território à proteção, preservação e conservação da vegetação nativa e da biodiversidade, conforme pode ser visto no mapa sobre uso e ocupação das terras no Brasil. As pastagens ocupam 21% do território nacional e todos os cultivos e florestas plantadas, apenas 9%. Mesmo assim tem gente achando que é pouco os 66% e muito os 9%.

Marcus Vinicius Castro Faria Colégio Qi

Impacto ambiental é um desequilíbrio provocado pela ação dos seres humanos sobre o meio ambiente. Pode resultar também de acidentes naturais: a explosão de um vulcão pode provocar poluição atmosférica; o choque de um meteoro, destruição de animais e vegetais; um raio, um incêndio numa floresta.

Quando os ecossistemas sofrem impactos ambientais, geralmente a vegetação é o primeiro elemento da natureza a ser atingido, pois é reflexo combinado das condições naturais de solo, relevo e clima do lugar em que ocorre.

Atualmente todas as formações vegetais, em maior ou menor grau, encontram-se modificadas pela ação humana. Isso ocorreu principalmente por causa das atividades agropecuárias e pelos impactos causados pela industrialização e urbanização. Em muitos casos, sobram apenas algumas manchas em que a vegetação original é encontrada, nos quais, embora com pequenas alterações, ainda preserva suas características principais. 

Desmatamento na Floresta Amazônica [Foto: Antônio Cruz/ABr]

A primeira consequência do desmatamento é o comprometimento da biodiversidade, por causa da diminuição ou, mesmo, da extinção de espécies vegetais e animais. As florestas tropicais tem uma enorme biodiversidade e, por isso, possuem um valor incalculável. Muitas espécies, hoje ainda desconhecidas da sociedade urbano-industrial, podem vir a ser a solução para a cura de doenças e poderão ser usadas na alimentação ou como matérias primas. Com o desmatamento, há o risco dessas espécies serem destruídas antes de serem descobertas e estudadas.

Particularmente na Floresta Amazônica há uma enorme quantidade de espécies endêmicas. Parte desse patrimônio genético é conhecido pelas várias nações indígenas que ali habitavam, mas a maioria dessas comunidades nativas está sofrendo um processo de integração à sociedade urbano-industrial que tem levado a perda do patrimônio dos seus conhecimentos. Outro ponto importante que afeta os interesses nacionais dos países onde há florestas tropicais, incluindo o Brasil, é a biopirataria, por meio da qual muitas empresas adotam práticas ilegais para garantir o direito de explorar, futuramente, uma possível matéria prima para a indústria farmacêutica e de cosméticos, entre outras.

No Brasil, os incêndios ou queimadas de florestas, que consomem uma quantidade incalculável de biomassa todos os anos, são provocados para o desenvolvimento de atividades agropecuárias, muitas vezes em grandes projetos que recebem incentivos governamentais e, portanto, sob o amparo da lei. Podem também ser resultado de práticas criminosas ou ainda de acidentes, inclusive naturais.

A devastação já ocorrida deve-se basicamente a fatores econômicos tanto na Amazônia quanto nas florestas africanas e nas do Sul e Sudeste Asiático. Suas principais causas são:

- Extração de madeira;- Instalação de projetos agropecuários;- Implantação de projetos de mineração;- Instalação ou expansão de garimpos;- Construção de usinas hidrelétricas;- Incêndios;- Queimadas [técnica de cultivo tradicional].

Com o intuito de preservar ambientes do patrimônio natural e cultural do Brasil, foi criada no ano 2000 a Lei Nacional N° 9.985. Conforme essa lei, a União, os estados e os municípios podem criar novas Unidades de Conservação. No Brasil, essas unidades são definidas como áreas que possuem características naturais relevantes e cujo ecossistema necessita de proteção e conservação.

As unidades de conservação ambiental são espaços geralmente formados por áreas contínuas, institucionalizados com o objetivo de preservar e conservar a flora, a fauna, os recursos hídricos, as características geológicas, culturais, as belezas naturais, recuperar ecossistemas degradados, promover o desenvolvimento sustentável, entre outros fatores que contribuem para a preservação ambiental.

A criação dessas unidades de conservação é de fundamental importância para a preservação dos ecossistemas, proporcionado pesquisas científicas, manejo e educação ambiental na busca pela conservação do meio ambiente.

Atualmente o Brasil possui 728 unidades de conservação, sendo que existem diferentes tipos de unidades, cada uma recebendo classificação de acordo com suas características e objetivos a serem atingidos. Essas unidades podem ser destinadas à exploração sustentável de recursos naturais, preservação total do ecossistema, realização de pesquisas, visitação para promover a educação ambiental etc.

Elas são classificadas como: Parques Nacionais, Reservas Biológicas, Reservas Ecológicas, Estações Ecológicas, Áreas de Proteção Ambiental, Áreas de Relevante Interesse Ecológico, Floresta Nacional, Reserva Extrativista, Refúgio de Vida Silvestre, Reserva da Fauna, Reserva de Desenvolvimento Sustentável e Reserva Particular do Patrimônio Natural.

Parque Nacional – Áreas que apresentam características naturais destinadas a pesquisas científicas e educação ambiental;

Reserva Biológica – Unidade de conservação destinada a abrigo de espécies da fauna e da flora com importante significado científico;

Reserva Ecológica – Área de conservação permanente, que objetiva a proteção e a manutenção de ecossistemas;

Estação Ecológica – Espaços destinados à realização de pesquisas básicas aplicadas à proteção do ambiente natural e ao desenvolvimento da educação ambiental;

Áreas de Proteção Ambiental – Unidade de conservação destinada ao desenvolvimento sustentável, sendo que em algumas áreas é permitido o desenvolvimento de atividades econômicas, desde que haja a proteção da fauna, da flora e da qualidade de vida da população local;

Área de Relevante Interesse Ecológico – Área que abriga espécies raras da fauna e flora e que possui grande biodiversidade;

Floresta Nacional – Unidade de conservação estabelecida para garantir a proteção dos recursos naturais, sítios arqueológicos, desenvolvimento de pesquisas científicas, lazer, turismo e educação ambiental;

Reserva Extrativista – Espaço utilizado por populações locais que realizam o extrativismo vegetal e/ou mineral. Essa unidade de conservação objetiva a realização da atividade econômica de forma sustentável;

Refúgio de Vida Silvestre – Área destinada à proteção dos ambientes naturais para a reprodução de espécies da flora local e da fauna migratória;

Reserva da Fauna - Área destinada ao estudo sobre o manejo econômico e sustentável das espécies nativas;

Reserva de Desenvolvimento Sustentável - Visa à preservação da natureza de modo que a qualidade de vida das populações tradicionais seja assegurada;

Reserva Particular do Patrimônio Natural - Área privada que tem por objetivo conservar a diversidade biológica.

Por Wagner de Cerqueira e Francisco Graduado em Geografia

Equipe Brasil Escola

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