A arara-azul-de-lear [Anodorhynchus leari] é uma espécie ameaçada de extinção que ocorre exclusivamente na caatinga baiana, na região conhecida como Raso da Catarina. O tráfico de animais silvestres e a destruição do habitat são os principais fatores de ameaça à espécie. Para tentar reverter esta situação, foi elaborado o Plano de Ação Nacional para a Conservação da Arara-Azul-de-Lear: Anodorhynchus leari, com vigência de 2006 a 2011. Atualmente, esta espécie está contemplada no Plano de Ação Nacional para Conservação das Aves da Caatinga.
O CEMAVE realiza o monitoramento populacional da espécie desde 2001, contando com a parceria de diversas instituições e pessoas. Este monitoramento é realizado através de censos simultâneos nos dois principais dormitórios conhecidos utilizados pelas araras, utilizando-se método padronizado. A espécie vem se recuperando nos últimos anos, graças às ações do seu programa de conservação.
A espécie
A arara-azul-de-lear foi descrita em 1856, porém sua área de ocorrência permaneceu desconhecida por mais de um século. Só em 1978, a espécie foi localizada no nordeste do estado da Bahia, ao sul do Raso da Catarina. Sua distribuição geográfica abrange os municípios de Jeremoabo e Canudos, onde as araras pernoitam e utilizam as cavidades existentes nos paredões de arenito conhecidos como Toca Velha e Serra Branca para se reproduzir. As aves saem da sua área de repouso, ao amanhecer partindo para as áreas de alimentação distribuídas nos municípios de Paulo Afonso, Santa Brígida, Euclides da Cunha, Monte Santo, Sento Sé e Campo Formoso. Estes deslocamentos podem implicar em mais de 60 km para os animais chegarem ao alimento. No final da tarde, podem ser vistos bandos chegando de diversas direções, vocalizando e sobrevoando o paredão até acomodarem-se nele para dormir.
Alimenta-se basicamente de cocos da palmeira licuri [Syagrus coronata], podendo consumir em torno de 300 cocos num só dia. Enquanto um grupo se alimenta, ao menos um indivíduo permanece pousado em galhos mais altos de árvores grandes, revezando-se com outras araras nesta função de vigilância. Também faz uso de outros itens alimentares, como a baraúna, o umbu, a mucunã, o fruto de cactos como o mandacaru e o facheiro, além do milho.
arara-azul
A arara-azul é uma ave psittaciforme da família Psittacidae.
Conhecida também como arara-azul-grande, arara-preta [Mato Grosso], arara-una [“una” significa “negro” em tupi] e arara-hiacinta.
Em 1988 a população total da espécie foi estimada em apenas 2500 indivíduos. Encontra-se ameaçada de extinção devido à destruição de seus hábitats e ao comércio ilegal. Neste ano de 2014 a arara-azul-grande subiu uma posição na lista vermelha da IUCN, agora sendo classificada como "vulnerável" [VU].
Devido ao combate ao comércio ilegal e à criação de reservas ecológicas, o número de indivíduos dessa espécie cresceu um pouco para, aproximadamente, 4000 em 2010. Há ainda programas de conservação no Pantanal para plantio de Manduvi, e distribuição de ninhos artificiais que podem estar contribuindo para o aumento populacional deste Psitacídeo.
Seu nome científico significa: do [grego] anodön = sem dente, desdentado; e rhunkos = bico; e do [latim] hyacinthina, hyacinthinus, com origem no [grego] huakinthos = do jacinto; = referente a flor azul do jacinto europeu. ⇒ [Ave da cor] do jacinto com bico desdentado.
Mede cerca de 98 centímetros de comprimento e pesa 1,5 quilo. Coloração inconfundível, principalmente azul intensa, com diferentes tonalidades. Base do bico e anel ocular nus e de cor amarela, partes internas das asas e cauda negras.
Gigante entre as araras, a arara-azul-grande é considerada o maior representante da família em todo o mundo.